quarta-feira, janeiro 14

† Sobre o olhar da Morte †





Eu via de relance, para lá do horizonte, no caminho das sombras muito depois do além, o seu suspiro era tenebroso, e a morte montada no seu cavalo negro e profano como as chamas do inferno, levo-a para as profundezas escuras e consumidas pelas labaredas do demónio.


A morte impiedosa paira sobre o meu olhar
É a dor, a escuridão que me consome
Numa chama perdida do saber
Sou aquele que as contém mas não chora
Lágrimas presas na escuridão
Minha alma perdida, acorrentada no sofrer
E o meu castigo, o meu caminho
É o pérfido destino
Dos que guardam a magoa a dor
Esses não vivem, morrem
Lentamente no olhar das trevas
E o meu corpo inerte nas chamas vive
Mas minha alma apodrece no seu interior
Não sou forte nem um fraco
Numa guerra que não se pode vencer
Porque na guerra, na morte
Na dor e na solidão
Todos perdem, todos temem
Não existem vencedores ou vencidos
Todos eles desesperam, choram,
Chega a morte, não o esquecimento
Chega a solidão e o sofrimento
E cavalgando ela chega
Sem que a consiga vencer
Negra e profana no seu manto
Rasgando as sombras, servindo o demónio
Num afogo todo se vai
Num simples supro de morte
Sinto o meu corpo embalado
Nas sombras, no seu suspiro
Tento resistir é inútil
O meu corpo mortal é consumido
Pelas chamas da solidão
Fica, ali inerte
E a minha alma parte na escuridão
Perdida no mundo negro
Para toda a eternidade

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